Arena MRV: Quando um projeto é um sonho coletivo
Da concepção ao desenvolvimento da arena mais moderna do Brasil

Arena MRV: Quando um projeto é um sonho coletivo

Há 25 anos trabalhando com Archicad Fundada em 1973, a Farkasvölgyi Arquitetura tem um portfólio extremamente variado, com projetos das mais diversas tipologias, desde uni-residenciais até arenas de futebol. O fato de o escritório (conhecido também como FKVG) utilizar o Archicad por tantos anos e em projetos de tipologias diversificadas permitiu a criação de um […]

Escritório: Farkasvölgyi Arquitetura
Projeto: Arena MRV
Local: Minas Gerais, Brasil
Tipo de Projeto: Esportivo
Ano de Conclusão: 2021
Software Utilizado: Archicad

Há 25 anos trabalhando com Archicad


Fundada em 1973, a Farkasvölgyi Arquitetura tem um portfólio extremamente variado, com projetos das mais diversas tipologias, desde uni-residenciais até arenas de futebol. O fato de o escritório (conhecido também como FKVG) utilizar o Archicad por tantos anos e em projetos de tipologias diversificadas permitiu a criação de um template exclusivo, ferramenta considerada extremamente preciosa na execução dos projetos com a riqueza, eficácia e qualidade características do escritório mineiro. 

Um dos muitos projetos de destaque nos quais o Archicad vem sendo utilizado pela FKVG é a Arena MRV, do Clube Atlético Mineiro, uma arena multiuso atualmente em construção em Belo Horizonte (MG), com inauguração prevista para 2022.

“Para a nossa produção e clientes isso representa enormes ganhos em termos de tempo de execução, soluções implementadas e qualidade do produto final.”

Bernardo Farkasvölgyi

Arena MRV

Um projeto grandioso, versátil e com uma representatividade incalculável. O cliente é o Clube Atlético Mineiro e a solicitação era ir além de um estádio de futebol: uma construção que representasse a força do time e que fizesse a torcida ter orgulho de sua nova casa. Além disso, o espaço deveria ser versátil, multiuso. Assim foi concebida a ideia da Arena MRV, que será a mais moderna do Brasil; e também a com menor custo de realização por capacidade e número de assentos.

A Arena começou a ser projetada em 2013. Foram mais de 40 versões até que se chegasse ao projeto final. Segundo Bernardo Farkasvölgyi, diretor do escritório e arquiteto idealizador, “seria impossível e improvável projetar com a eficiência com que fomos capazes de desenvolver a Arena MRV sem uma ferramenta BIM. A possibilidade de se percorrer todo o objeto arquitetônico foi uma das características mais cruciais”, avalia.


A premissa do projeto era trabalhar exclusivamente com recursos do Clube, sem exceder o orçamento. Então, depois de uma longa análise, o plano financeiro foi aprovado para construção. O projeto foi baseado no orçamento fechado de R$500 milhões para a construção de uma arena multiuso com capacidade para 46 mil pessoas. “A aprovação do empreendimento foi amarrada diretamente ao fato de que o projeto deveria garantir que os custos não ultrapassassem o planejado e, nesse caso, ter um projeto em BIM foi fundamental”, explica Klauss Oliveira, que integra a equipe FKVG e é responsável pela coordenação do projeto.

A Arena é um empreendimento com preço fechado. Quando ela foi para o mercado para ser cotada, emitimos um modelo IFC que permitiu às construtoras concorrentes terem acesso a todos os quantitativos gerados no processo. Isso deu uma estimativa real do custo do empreendimento e permitiu que se fizesse uma concorrência com preço máximo garantido, ponto fundamental para que a Arena se tornasse uma realidade.

Klauss Oliveira

O primeiro estádio do Clube Atlético Mineiro é também um dos maiores empreendimentos da construção civil atualmente em desenvolvimento no Brasil. Além disso, será um dos estádios mais tecnológicos do país, com normas atualizadas e acessibilidade para pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção. Outra característica relevante é a preservação de Mata Atlântica com nascentes no terreno da Arena, em uma área de aproximadamente 26 mil m².

Com inúmeras soluções voltadas à sustentabilidade, o projeto da Arena está estruturado para obter o selo Procel Edificações de eficiência energética, na categoria Triplo A.

Estudos e desafios da equipe

A equipe do projeto é formada por 15 integrantes da FKVG diretamente dedicados à arquitetura, mais a participação de outros 300 profissionais parceiros, incluindo especialistas de sistemas e de automação, sistemas hidráulicos e elétricos, paisagismo, alvenarias, estrutural, fluxo de pessoas e multidões, sinalização de tráfego, meio ambiente, aquecimento solar e cobertura. São equipes multidisciplinares em âmbito nacional e internacional.

Para o projeto, o arquiteto Bernardo Farkasvölgyi e sua equipe fizeram inúmeros estudos, mas vale ressaltar os de insolação, acessos, nível de implantação no terreno e visibilidade – todos essenciais para a execução de um equipamento desse porte. Todos os outros estudos necessários, como o de fluxo de pessoas e multidões, foram feitos a partir do modelo desenvolvido no Archicad.

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Estudo Solar
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Estudo de Evacuação



Alcançar a melhor relação corte e aterro também foi um desafio. Afinal, se o terreno fosse cortado ou elevado além do necessário, teria um impacto direto no valor da obra, podendo inclusive inviabilizá-la. Após um profundo diagnóstico foi encontrado o melhor nível para implantação, com equivalência entre os volumes cortados e aterrados.

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Multiuso

Desde a sua concepção, a Arena MRV foi pensada para ser inteligente e eficiente, funcionando também como um importante gerador de renda para o clube: um estádio de futebol, mas também um espaço capaz de receber qualquer tipo de evento, desde feiras e congressos a grandes shows. E foi idealizada para fazer isso sem colocar em risco a agenda do futebol, ou seja, sem que a realização de qualquer outro evento pudesse interferir na realização dos jogos.


Nesse sentindo, a Arena MRV deveria oferecer maiores possibilidades e facilidades que outros espaços de eventos, com soluções de arquitetura que realmente representassem rapidez, praticidade e versatilidade. Uma das ideias implementadas foi a criação de uma rua que circunda internamente toda a área de acesso ao gramado. Essa via de circulação dentro da Arena possibilita a entrada de grandes veículos, capazes de acessar e descarregar diretamente em campo o equipamento para a realização, por exemplo, de um grande show – solução que permite uma agilidade de montagem e desmontagem inexistente na maior parte dos estádios e arenas brasileiros.

Experiência do espectador

Com a simulação através do modelo BIM do Archicad, foi possível verificar a visibilidade do campo pelo torcedor. Foram testados absolutamente todos os pontos de visão existentes na Arena, de forma a garantir a melhor experiência para o usuário. Além disso, por se tratar de um equipamento que gera conteúdo audiovisual, era essencial testar os ângulos de transmissão televisiva, para assegurar que mesmo com os movimentos dos torcedores não houvesse interferência, garantindo a maior qualidade possível na captação de imagens. Para isso, a equipe FKVG realizou a simulação da torcida de pé com as mãos levantadas, analisando ângulo por ângulo.


Conceito e Estética

A identidade da Arena MRV tem conexão direta com o clube.


O arquiteto Bernardo Farkasvölgyi adotou uma referência pessoal para a concepção da estética, que faz uma alusão às cores (cinza e branco) e listras da camisa do time, bem como à uma comemoração típica nas décadas de 1970 e 1980, na qual a torcida atleticana descia faixas pretas e brancas nas arquibancadas do estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão. A aceitação dos torcedores à proposta foi imediata, o que fez toda diferença para a continuidade do projeto.

O efeito “caldeirão” foi uma das exigências dos dirigentes do clube e também desejo dos torcedores, e isso foi atendido no projeto: sem aberturas de escape do som e um sistema acústico que garante a reverberação. A distribuição dos torcedores ao redor no estádio era outro ponto relevante para atingir o efeito. Sendo assim, foram planejados 18 portões distribuídos por nove setores de arquibancada: quatro inferiores e cinco superiores.

Retorno para a sociedade

A contrapartida social foi o investimento de R$ 100 milhões na infraestrutura urbana e viária da região, além da reconstrução da unidade básica de saúde (UBS) do bairro Califórnia; e criação do Instituto Galo, voltado para o desenvolvimento de atividades e projetos de assistência pública e social, cultura, educação e lazer, com centro de línguas, inovação e criatividade para alunos da rede pública. Junto a tudo isso, uma esplanada de 34 mil m² aberta ao público.

A rotina do Archicad e BIM na Farkasvölgyi Arquitetura

Um projeto dessa complexidade não poderia ser realizado de nenhuma outra forma. O Archicad nos possibilita otimizar o processo como um todo e antecipar os problemas ainda na esfera digital. Por meio do software, conseguimos reunir todos os aspectos do projeto construtivo, estético, funcional e econômico em uma única plataforma. Isso porque quando você projeta no Archicad, você efetivamente constrói digitalmente.

Bernardo Farkasvölgyi

Sem dúvida alguma, a experiência da Farkasvölgyi Arquitetura– aliada à sua história com o Archicad e a todas as possibilidades que o software oferece no seu uso mais amplo – mostraram-se essenciais na concretização de um projeto que representa muito mais do que um grande empreendimento ou um valioso equipamento de eventos esportivos e culturais dentro do cenário nacional. “A Arena MRV, acima de tudo, era um sonho. Um desejo do clube e de seus torcedores que há dez anos parecia quase impossível, não factível. Para torná-la real foi necessário encontrar sua viabilidade econômica numa solução que tivesse importância arquitetônica, identidade e poder para se tornar um motor simbólico e financeiro para o clube”, explica Bernardo Farkasvölgyi.

Para o arquiteto, o fato de boa parte das equipes parceiras – responsáveis pelos projetos complementares – também trabalhar em BIM, permitiu trazer para o ambiente digital tudo o que de fato vai existir dentro da Arena.

Com um fluxo mais transparente, rápido e acessível, a equipe FKVG continua trabalhando no projeto, mesmo com a Arena já em construção. Enquanto a obra acontece, o escritório de arquitetura segue atuando de maneira ininterrupta, o que torna o processo da obra muito mais coeso.

Para a equipe FKVG, ter um modelo em BIM permitiu também manter o foco no objeto arquitetônico e não se preocupar excessivamente com a representação técnica, afinal, ela seria resultado de um modelo consolidado. Outro ponto salientado diz respeito à extração dos quantitativos. “Temos mais de 2.200 vagas de estacionamento e 45 mil assentos; imagine contar tudo isso manualmente? Dificilmente seria produtivo. Com o Archicad essa contagem é automática e simultânea”, esclarece o coordenador Klauss Oliveira, que ainda acrescenta: “A Arena possui planos inclinados, que são as arquibancadas. A todo momento precisamos checar a altura dos cômodos que estão abaixo delas; uma tarefa que só é possível através dos cortes automáticos. Essa ferramenta nos auxilia muito, pois podemos solicitar a quantidade de cortes necessários para chegarmos à informação que precisamos”.

Cortes do modelo
Cortes do modelo

Cortes do modelo
Cortes do modelo


Trabalhando colaborativamente com o Teamwork




Devido à dimensão e complexidade do projeto, bem como à quantidade de profissionais trabalhando simultaneamente no mesmo arquivo, o escritório ressalta a importância do Teamwork. “A sua utilização ocorre desde a primeira versão da Arena MRV, permitindo que durante todos os anos de trabalho e fases de desenvolvimento as equipes trabalhassem ao mesmo tempo dentro do projeto e recebessem as alterações em tempo real. Para lidar com a enorme quantidade de informações e elementos modelados englobando um projeto específico, adotamos a divisão de arquivos, consolidando tudo em um Modelo Federado”, completa Klauss.


Visualização do modelo com o BIMx

Para que todas as partes envolvidas no projeto pudessem ter uma ampla visão e compreensão do resultado final, em diversas fases foi utilizado o BIMx, o aplicativo de apresentação e coordenação de projetos. Com ele foi possível explorar as vistas que filtram situações específicas no modelo e publicar quantos formatos fossem necessários para a visualização. O escritório também utilizou o recurso do BIMx model transfer (baseado no navegador da internet).

Para que todas as partes envolvidas no projeto pudessem ter uma ampla visão e compreensão do resultado final, em diversas fases foi utilizado o BIMx, o aplicativo de apresentação e coordenação de projetos. Com ele foi possível explorar as vistas que filtram situações específicas no modelo e publicar quantos formatos fossem necessários para a visualização. O escritório também utilizou o recurso do BIMx model transfer (baseado no navegador da internet).

OPEN BIM e a comunicação com outros softwares

Já o OPEN BIM – utilizado com o intuito de garantir maior colaboração e comunicação entre os softwares envolvidos no projeto – foi uma importante ferramenta para o controle de orçamento, um dos pontos fundamentais na decisão de realização da arena pelo Clube Atlético Mineiro. Isso foi feito por meio da exportação do IFC com o modelo totalmente classificado e detalhado com as propriedades já informadas.

“A Arena MRV representa um trabalho árduo, incessante, criativo e apaixonante. Exigiu e continua exigindo o melhor da nossa equipe, como também o uso das melhores ferramentas para torná-la uma realidade. Não por acaso trabalhamos com o Archicad há 25 anos, ele já está no nosso DNA”, avalia Bernardo Farkasvölgyi.

Núcleo do projeto:

Bernardo Farkasvölgyi

Klauss Oliveira

Bruna Amaral

Bárbara Braga

Daniel Moraes 

Felipe Baeta

Sobre a Farkasvölgyi Arquitetura

Desde 1973, a Farkasvölgyi desenvolve projetos arquitetônicos nos mais variados tamanhos e tipologias. São 47 anos de mercado realizando arquitetura de forma ampla, lidando com legislação para a construção civil, estudo de viabilidades e avaliação dos melhores usos e adequação de projetos de acordo com localização, terreno e compreensão das demandas do mercado e dos clientes. Saiba mais sobre o escritório.